domingo, 3 de julho de 2011

Não há mais tempo...

Sentado em sua cadeira de balanço, lembra-se da vida serena que sempre teve dias atrás os netos o visitaram, àquelas horas poderiam durar dias, pois não se cansa de contar as historias de quando serviu a pátria o ano no quartel relata com orgulho daquele tempo.
Ainda mais das saídas a mar aberto da pescaria com os camaradas, um a um foram partindo, impossível não sentir-se sozinho.
A companhia da esposa por sinal representava muito, mas era com os amigos que jogava pôquer até altas horas, bebendo e fumando as piadas, tudo isso fazia muita falta ao seu dia-a-dia. Atualmente ele estava acostumado com a casa vazia, a sala com as luzes apagadas, sentia falta até da chuva no inicio de novembro.
Os filhos cresceram e se casaram, visitavam todo o fim de semana, mas não é a mesma coisa que o convívio diariamente. Não tinha mais o pequeno Pedro para xingar ou até mesmo aconselhar sobre o que fazer sobre aquela menina do colégio por quem estava interessado.
O ombro velho não consolava mais a filha Julia, quando seu primeiro namorado terminou o relacionamento. As palavras prestadas acalmavam as lagrimas e o nervosismo da menina que em pouco tempo se tornou mulher madura com idéia feita e bem posicionada.
Hoje sabe que o tempo chegou que as expressões em seu resto permanecem o que se deve fazer é aproveitar os almoços e passeios com os filhos e netos, pois o tempo agora é escasso os minutos voam não se tem força para segurar os ponteiros, tanto porque os braços cansados dos anos de trabalho já se deram por vencidos.
Resta colocar uma musica na vitrola convidar Sofia para dançar, porém não ir muito além. Horas mais tarde buscar um livro na biblioteca sentar ao entardecer, virar as paginas calmamente e muito cuidado para não cochilar, pois o sono vem de manso e logo toma conta.
É preciso não perguntar-se até quando irá agüentar essa rotina tão monótona porque o agito foi se perdendo com o tempo, tomará que não tenha tomado nota disso, para evitar o estresse e ainda mais deixar longe os problemas de coração.
É lógico que um dia irá se deparar com a verdade, nesse instante o coração pulsa pela ultima vez, os olhos fecham-se o livro cai da mão, a canção para de tocar e o sol lança o ultimo raio em sua direção.
No dia seguinte somente os mais chegados vão ao velório filhos, netos a viúva e dois conhecidos do tempo de exercito, chegam devagar dizem algumas palavras a Maria, dizendo que Ernesto foi um dos melhores soldados que serviram com eles, o mais capacitado por isso fora logo promovido e que horas depois do falecimento já estavam sabendo do ocorrido lamentaram muito era um dos poucos que ainda estava vivo, contudo resistirá bravamente aos problemas de coração que viam de muito tempo, pelo vicio do cigarro comprometeu o pulmão direito não havia mais nada a ser feito era uma corrida contra o tempo, e o tempo se esgotou.

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